Mark Gary Adams

Com a intenção de criar algo novo e visualmente impactante, surge o perturbador artista que tem gosto pelo grotesco e pelo proibido. Mark Gary Adams nasceu em 29 de novembro de 1955 em Redding, no interior da Califórnia. Cidade muito pequena, onde a população da época era de apenas 10 mil habitantes. Adams estudou artes na Simpson University, em sua cidade natal, onde desde cedo apresentava interesse pelo desenvolvimento de técnicas inusitadas e de efeito provocativo. No mesmo ano em que o artista nasceu, era inaugurado no estado da Califórnia o primeiro parque de Walt Disney, conhecido como Disneyland. De família humilde e de poucos recursos financeiros, com cinco anos de idade, o pequeno Mark já sonhava em conhecer aquela que seria a maior referência em diversão infantil do mundo. Assim, em 1962, aos sete anos, sua família lhe proporciona a realização do tão esperado sonho. Em um domingo de primavera, ele e seus irmãos se deparam pela primeira vez com o mundo do faz de conta. Ironicamente, o local que representava os maiores sonhos de Mark acabou gerando a grande ferida em sua estrutura psicológica. Ao caminhar entre os jardins do parque ele inesperadamente se deparou com o mítico personagem Mickey Mouse em atos libertinos com um outro funcionário do parque à paisana. Ambos acreditavam estarem escondidos dos olhos dos visitantes naquele momento, porém, o pequeno Mark acabou presenciando aquilo que até hoje ronda sua imaginação e é ponto de referência para sua obra. Uma relação sexual praticada em local público envolvendo simbologias ícones do repertório infantil. Um dano emocional que ocorreu como resultado de uma experiência de pasmo. O trauma acabou acarretando uma exacerbação do proibido, afetando o comportamento e o pensamento do artista. Este evento traumático afetou a maneira de Mark lidar com as emoções envolvidas com aquela experiência, gerando danos que persistem até hoje. O trauma acabou por violar as idéias dele a respeito do mundo, colocando o pequeno menino num estado de extrema confusão e insegurança. De qualquer forma, cada pessoa reage de maneira diferente em eventos similares. Adams acabou por canalizar toda esta experiência em uma surpreendente série de quadros. Sua técnica de manipulação de imagem digitalmente tem como base cenas do cinema pornográfico dos anos 70, sobre as quais o artista aplica filtros de distorção, faixas de censura e sobreposição de tickets de entrada do parque, oriundos da época do ocorrido. Toda a composição é feita com cores puras e vibrantes, gerando imagens questionadoras e provocantes a partir de um belo efeito visual.