Eterno enquanto durou. Assim o arquiteto e designer Henrique Steyer nomeou o seu espaço na Mostra Modernos e Eternos. Sua ambientação no hall de entrada vem repleta de simbologias que remetem aos clássicos átrios de residências tradicionais onde imagens religiosas tinham espaço de destaque no décor. A instalação proposta por Steyer tem como objetivo questionar a real importância das instituições religiosas, que muitas vezes funcionam como verdadeiras empresas com fins lucrativos. A crítica não está na fé e nem na crença, mas sim nas instituições que usam este universo para ludibriar incultos. Ao mesmo tempo que as religiões são questionadas, seus tesouros aqui são aclamados, e valorizados. Um impactante oratório sobre aparador de jacarandá recebe os visitantes da Mostra. Dentro do oratório, uma escultura em faiança representando uma galinha, assinada por Caetano de Almeida, evidencia o tom de despojamento proposto. Colunas entalhadas em madeira ladeiam a estante Nino com braços abertos, assinada por Steyer, que aqui representa o “cristo atualizado” que não já está presente dentro do oratório. O sofá Cipria, da grife Edra, assinado pelos Irmãos Campana dá o toque de arrojo nesta proposta de átrio contemporâneo. Em frente a ele, um quadro de proporções generosas instiga com a frase ‘Eterno enquanto durou”, fazendo alusão ao tão questionado poderio da igreja católica dos séculos passados. Para compor a parede do quadro, uma coluna de mármore branca suporta um importante candelabro francês dourado com mais de um metro de altura. Para representar a evolução dos tempos em direção à liberdade de determinados tabus impostos pelas religiões tradicionais, uma espiral ascendente em todo o espaço contorna paredes, piso e teto com fotografias de nádegas de diferentes cores, formatos e texturas. A regra é clara: valorizamos as crenças e a fé, mas questionamos as imposições de idéias com as quais já não comungamos mais. Todas as antiguidades foram fornecidas pelo antiquário Began e os objetos contemporâneos são da Firma Casa.
